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Abram-Se, Oh Portais Eternos - Salmo 24


O Salmo 24 é um dos textos bíblicos mais profundos quando se busca sobre o propósito de Adonai em criar a terra, mesmo que aos olhos de muitos isso passe desapercebido. Este salmo é um Mizmor (que deriva do termo zamar, que significa melodia) é um cantico, cujo autor é o Rei Davi.

Existe um ponto muito interessante no início deste salmo que faz com que o mesmo seja analisado com outros olhos: há uma diferença entre LeDavid Mizmor e Mizmor LeDavid, segundo a tradição judaica.

Davi cantava e tocava para elevar-se e obter inspiração e, a partir disso, ele compunha lindos louvores. Esses são o Mizmor LeDavid, um “Cântico de Davi”. Mas às vezes, a busca de Davi em seus momentos de intimidade com Adonai proporcionava experiências maravilhosas que o inspirava e o mesmo compunha o cântico com o título LeDavid Mizmori, que significa “De Davi, um Cântico”, indicando que a inspiração veio antes da música. Isso faz com que venhamos a olhar as informações contidas neste trexo das Escrituras como a revelação de algo vindo do Eterno ao seu servo.

Existe uma certa discordância quanto ao local e data deste salmo, devido ao seu conteúdo. Alguns dizem que foi escrito em um período pós-exílico, por se tratar do templo como “portas antigas”, mas outros sugerem que ele foi escrito no período pré-exílico, se tratando de uma composição davídica, que é o que faz mais sentido por causa de seu conteúdo. Segundo a tradição judaica, este salmo foi no dia em que Davi comprou o terreno onde seria erguido o Templo e por isso ele faz relação à presença de Adonai. Como seu reinado se estender de 1010 – 970 a.C, estima-se que este salmo foi escrito neste intervalo.

Este salmo é uma revelação dada a Davi por Adonai, onde o mesmo revela o Seu propósito de habitar no meio da Sua criação, e esta habitação é dividida em três partes, assim como este salmo:

  • 1 De Davi, Cântico. De Adonai é a terra e sua plenitude, o mundo e os que habitam nele. 2 Pois Ele, sobre mares, a fundou e sobre os rios a consolidou.

Este salmo começa com as infirmações de autoria e forma de composição. A seguir, o salmista escreve sobre a primeira forma de habitação da glória de Adonai, na criação de todas as coisas, quando sua glória enchia a terra. Este trecho exalta a soberania de Adonai e o louva por Seus grandes feitos e poder.

  • 3 Quem subirá no monte de Adonai, e quem estará no lugar onde permanece Sua santidade? 4 O que possui palmas das mãos limpas e homem interior puro, que não carrega vaidade para sua alma e não jura para engano. 5 Este tomará posse da bênção de Adonai e justiça do Deus da sua salvação. 6 Esta é geração dos que a Ele buscam, a face do Deus de Jacó. (Medite)

A segunda parte é um questionamento do próprio autor ao Senhor, pois devido ao pecado, Deus não habitava mais em meio a criação, mas Davi ansiava pela presença do Criador. Então o próprio Senhor o revela e ele responde seu próprio questionamento, revelando que somente aqueles que se separassem para o Senhor, mantendo puros o seu homem interior, ou seja, sua alma, sem se deixar levar pela concupiscência deste mundo, estaria santo (separado) para se achegar à Sua presença. Estes também receberiam da bênção de Adonai e seriam justificados por Ele, por buscar Sua face. Este trecho expressa o desejo de construir um local onde a glória de Adonai pudesse habitar.

  • 7 Levante, ó portas vossas cabeças, e sejam levantadas aberturas eternas e virá o rei glorioso. 8 Quem esse rei glorioso? Adonai, forte e poderoso, Adonai forte na batalha. 9 Levante, ó portas vossas cabeças e levante, ó aberturas eternas e virá o rei glorioso. 10 Quem é Ele, esse rei glorioso? Adonai dos Exércitos, Ele é o rei glorioso (Medite).

Essa última parte é o ápice do salmo, onde Davi declara de forma profética a abertura das portas da casa onde a glória de Adonai habitaria e das portas da eternidade, do local da habitação Dele nos céus, para que Ele viesse e habitasse no meio dos homens. Ele também faz um questionamento enfático para ressaltar a majestade do Rei, atribuir ao Eterno características de louvor. Ele repete a declaração de forma mais específica, deixando claro à quem ele se referia, utilizando um termo muito específico e característico do Criador: Adonai Tzva’ot, ou Senhor dos Exércitos.

Existe um princípio espiritual relacionado à essas portas eternas, que podem ser aplicadas até os dias de hoje. As escrituras afirmam em Ezequiel 43:4 uma visão que o profeta teve em que a glória do Senhor entrava pela porta leste, ou seja, a porta principal do Templo. Da mesma forma, quando o profeta vê a glória do Senhor saindo do Templo sobre Keruvim (Querubins) em Ezequiel 9:3 e 11:23, também foi pela porta leste.

Para que a glória do Senhor entrasse no templo, era necessário que as portas da dimensão do Reino estivessem abertas também, para que houvesse uma interação do mundo espiritual com o mundo físico. Por esta razão, o salmista declara "Levante, ó portas vossas cabeças (as portas do templo físico), e sejam levantadas aberturas eternas (as portas da dimensão do reino, do mundo espiritual).

Para que a glória do Senhor se manifeste na terra, é necessário que sejam abertas estas dimensões da eternidade. Isso não se limita apenas à locais, mas também à portas da nossa vida, uma vez que somos templos. As portas do mundo físico nós temos autoridade para abrir, por isso o salmista dá a ordem para que possem abertas, mas quanto às da dimensão do Reino é necessário que sejam abertas pelo Senhor.

Nós podemos clamar à Ele, para que seja aberta, mas a glória só permanecerá nos lugares onde não há pecado, seja a nossa vida ou o local onde nos reunimos para buscá-lo. Quando Ezequiel vê a profanação do Templo, ele vê logo em seguida a glória do Senhor se levantando e saindo do lugar, mas isso não impedia que as pessoas continuassem a servir e sacrificar no Templo; apenas a glória Dele não estava mais lá, o que fazia com que fossem inúteis todas essas práticas.

É importante que estejamos sempre examinando as nossas vidas e a situação do local onde nos reunimos em nome Dele, para que não estejamos vivendo de forma infrutífera, achando que estamos em meio à glória Dele, quando na verdade estamos envoltos em uma atmosfera emocional sem termos contato com a glória que nos transforma e nos revela quem Ele é.

Será que temos a permissão para subirmos ao monte de Adonai, e estar no lugar onde permanece Sua santidade?

Que o Eterno abençoe vocês!

Eduardo Carneiro

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